Pode o metal existir sem distorção? Os Moonspell acreditam que sim e a digressão acústica «Sombra» é a grande nova aposta da mais conhecida banda portuguesa de música pesada.
«Apesar de ser acústico, vai haver sangue, suor e Sombra. É a nossa cara, temos de representar isto de uma forma condigna também por causa da expectativa que já é gerada», afirmou Fernando Ribeiro em entrevista ao IOL Música.
«A referência não é os Moonspell vestirem os fatos, atarem o cabelo, sentarem-se nos banquinhos e fazerem o acústico. Claro que não vai ter nada a ver com isso», explicou o vocalista, apontando antes para um paralelo com o espectáculos do programa «Story Tellers», do canal VH1, ou para a forma como os Young Gods se lançaram para o disco acústico, «Knock On Wood», em 2008.
Os Moonspell já começaram a reconstruir as suas próprias canções e confessam que a ficha eléctrica não estará completamente desligada nos novos concertos.
«Vamos ter alguma electricidade, vamos ter algumas programações, eventualmente. Vamos ter teclados e até, às vezes, guitarras com efeitos. Isso não está [posto] de lado», adiantou Pedro Paixão.
No alinhamento dos espectáculos, e para além dos maiores êxitos da banda, está assegurada a inclusão de uma versão de «Os Senhores da Guerra», um original dos Madredeus que os Moonspell apresentaram em 2001 no álbum «Darkness and Hope».
«Fizemos algumas versões ao longo da nossa carreira, como de Ozzy Osbourne ou Joy Division. A minha preferida talvez seja a dos Madredeus porque, na altura, foi inesperada e porque foi uma música cuja escolha não foi óbvia», disse Fernando Ribeiro sobre um tema «com andamentos complicadíssimos».
«Os Madredeus, nesse disco, tinham uma simplicidade complexa. Soa simples, mas realmente, quando fomos desconstruir a canção para fazermos a nossa, tivemos bastantes problemas e dificuldades para resolver», acrescentou.
Nesta tournée que conta até ao momento com 11 datas confirmadas, a banda vai estar acompanhada em palco pelo coro feminino Crystal Mountain Singers e pelos Opus Diabolicum, um jovem quinteto de cordas e percussão que transforma as canções dos Moonspell em verdadeiras obras de música clássica.
André Pontífice, um dos quatro violoncelistas de serviço, contou que a procura do divertimento na música clássica levou-os a explorar o rock e o metal, à semelhança do que fazem os finlandeses Apocalyptica.
«Na música clássica é preciso [tocar num] nível muito alto para haver divertimento. Como gostávamos de curtir as coisas a sério, tocávamos de tudo e mais alguma coisa, tanto como Metallica, como Apocalyptica ou Moonspell», explicou.
Os primeiros concertos de «Sombra» acontecem a 30 e 31 de Outubro, no Cinema São Jorge, em Lisboa, num fim-de-semana de Halloween que deverá ser especial.
Até ao final do ano, a digressão passará também por auditórios em Arcos de Valdevez, Alcochete, Ílhavo e Caldas da Rainha, locais que habitualmente não costumam receber concertos dos Moonspell.
«Já é o melhor resultado nós conseguirmos fazer estas salas e conseguirmos chegar a públicos que normalmente têm que deslocar-se seja para ver os Moonspell em acústico, em eléctrico ou para uma sessão de autógrafos», rematou Fernando Ribeiro.
As datas da digressão «Sombra»:
Outubro
30 e 31 - Cinema São Jorge, Lisboa
Novembro
13 - Casa das Artes, Arcos de Valdevez
19 - CAE São Mamede, Guimarães
23 - Casa da Música, Porto
30 - Forúm Cultural, Alcochete
Dezembro
2 - Teatro José Lúcio Silva, Leiria
3 - Centro Cultural, Ílhavo
4 - CCC, Caldas da Rainha
7 - Teatro Municipal da Guarda
9 - CAEP, Portalegre
Sex Set 24 2010, 11:26